Sei lá

Ela vivia com a cara enfiada no celular.
Às 6 da manhã acordava e corria para a academia. Na volta, banho e trabalho.
No trabalho muito estresse.
Indo pra casa, a cara enfiada no celular.
Em casa, um oi e comentários sobre a novela.

A vó, sempre falastrona e disposta a conversar, contava todos os casos da vida, as histórias mais mirabolantes e os triunfos mais comentados na família.
Ela, olhar de desinteresse.
Dias e dias disso.

Mas um dia, a vó não se lembrou dela. Com olhar vazio, ouvia a pergunta da médica:
- Quem é essa moça?
- Sei lá, a vó respondeu.

S-E-I-L-Á!
Foi um choque imediato.
Como assim, a falastrona, cheia de casos para contar, não sabia quem era ela?
Justo a vó! Não podia ser.

A vida é deveras estranha, não é?
Quando se perde, se dá conta de que tinha tudo.

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