Filme: A Vida de David Gale

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Filme emocionante que mostra como uma ideia para acabar com a pena de morte no Texas foi tão bem articulada, mas não alcançou os objetivos. Pessoas que não tem mais nada a perder na vida, planejam dar fim à pena de morte e criticam o sistema prisional acabando com a própria vida. A crítica ao sistema prisional e a pena de morte são as ideias centrais. Para ilustrar isso contam a história do professor universitário e ativista David Gale que é acusado de estupro e assassinato. Porem, tudo não passa de um plano para provar como o sistema prisional e a pena de morte são falhos, já que ele é inocente, pois Constance sua colega e também ativista se matou. Gale e um cúmplice filmaram tudo. A ideia era mostrar a fita depois que Gale fosse condenado e morto.
O sacrifício por um bem maior, me é visto como inconseqüente, já que os mortos não saberiam o resultado. O plano é tão bem arquitetado que a jornalista que foi chamada, pelo próprio Gale para provar sua inocência acredita que ele não matou Constance. Os acontecimentos são muito atuais, desde a separação de Gale e sua esposa até a pena de morte. Apesar de não vermos pessoas se matando para criticar algo ou acabarem com um sistema todos os dias, nós vemos.
Todo e qualquer crime cometido no Brasil é discutido levando-se em consideração a pena de morte. As pessoas se sentem no direito de acusar, sem nem mesmo entender os fatos. Julgar é fácil enquanto minha barriga não dói. A opinião é sempre a mesma: o criminoso deve morrer e, nós cidadãos de bem, viver em paz no nosso jardim florido.
Aqui no Brasil não temos pena de morte, o que acho razoável, já que nem furto de margarina é devidamente julgado. O que para alguns a pena de morte é justa para outros não o é. Acredito que a solução estaria para o acusado e condenado à morte, que estaria livre do sofrimento da prisão e acusações da sociedade. Já quem morreu injustamente não estaria mais com seus familiares. O que deve ser feito é evitar mortes e violência, não exterminar pessoas para se ver livre do problema. A maioria dos que cometem crimes, o fazem, por não ter outro meio de viver. A solução está em auxiliar a vida dos que necessitam.

Análise segundo questões da disciplina Éticas e Bases Humanas.

Filme: Estômago

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A paixão pela cozinha que Raimundo Nonato sentia não o fez cometer um crime, já à paixão por uma mulher, sim. Nonato descobre que com a cozinha pode ser alguém melhor e deposita seus sonhos nisso. Com a grande ajuda do proprietário de um restaurante, aprende a cozinhar. A partir disso e com o coração partido, descobre o poder que a culinária lhe deu ao ir preso. Motivado pelo ódio de ver a mulher amada nos braços daquele que mais o ajudou, Nonato, se torna um assassino. No centro estão, poder, amor e justiça com as próprias mãos. Percebemos que para Nonato não importa o que ele fez e sim como iria viver. A meta era ganhar espaço na prisão e para isso usa o que sabe fazer melhor: a comida.
Ao escutarmos histórias como essa, na qual um homem mata a mulher e o homem que o fez traído, vemos que as pessoas sempre dão razão ao assassino. Os homens, principalmente, acham justo. Para ter a honra de volta só matando os "safados". Ainda mais se o traído for como Nonato, ingênuo. Porém nem tanto, já que se vira bem no outro universo, o da prisão. O que mais está na moda é traição que é "resolvida" com morte.
Nunca vou achar que a melhor solução é a morte de alguém. É tão definitivo que chega a doer só de pensar. Se o homem ou mulher foi traído, alguma culpa ele teve, das duas uma, ou ele não terminou quando tinha chance ou se deixou enganar de propósito. Todos sabem quando são amados de verdade. E matar não resolve, pois vão existir homens e mulheres assim aos montes e conseguir matar todos vai ser difícil.
Agora, matar uma prostituta acusando-a de traição é, no mínimo, cômico.



Análise segundo questões da disciplina Éticas e Bases Humanas.

Rua 27

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Com vinte e dois anos, o que mais me emociona são os momentos incríveis que passei na rua  atrás da minha casa. Uma rua que é sem saída e antes não tinha asfalto. O palco perfeito para muitas brincadeiras, como por exemplo, pega-pega, cada macaco no seu galho, esconde-esconde, vôlei, futebol, etc.

Éramos seis mulheres e sete homens, todos mais ou menos da mesma idade e grandes melhores amigos. A rua faz parte da nossa vida, os que não nasceram lá vieram de mudança e foram incorporados ao nosso convívio. Afinal, é maravilhoso conhecer gente nova. Não tinha dia certo para se encontrar com os amigos, era sempre. Depois da escola, era tradição almoçar e correr pra rua. Como moramos próximos, era comum as mães só passarem os olhos pra ver se estava tudo bem. De tarde o cheiro de bolo de fubá da minha vó era o sinal para lanche. Comíamos no meu quintal e conversávamos sobre o nosso dia.

Passávamos mais tempo na rua que em casa. Éramos conhecidos por todos, por nos verem brincando na rua ou por brigar, já que a bola sempre caia na mesma casa. Nos finais de semana podíamos ficar até mais tarde na rua. Fazíamos uma roda e conversávamos ou íamos para rua principal ver o movimento.

Bolávamos todas as festas de aniversários, fazíamos o bolo, os brigadeiros, beijinhos. Enganávamos o aniversariante e a surpresa acontecia. Todo final de ano tinha amigo secreto, só com as crianças. Nosso  grupo era muito organizado e animado.

Até os treze anos, não pensávamos em namorar. Tudo era uma grande brincadeira com muito respeito. Era muito sadio conviver com eles. A adolescência chegou e com ela o meu primeiro amor. Claro que ele pertencia ao meu grupo. E o meu primeiro beijo aconteceu, sim, na Rua 27. Todos se relacionaram, muitos viraram namoradinhos. Mas hoje ao nos encontrarmos só nos cumprimentamos. O que antes era um grupo de grandes amigos hoje são colegas que possuem lembranças maravilhosas de uma infância bem vivida.

Crescemos e nem sabemos como nos afastamos do que realmente foi bom em nossas vidas. Minha melhor amiga é do grupo da Rua 27, mas acho que você percebeu que, o que no começo do texto eram treze melhores amigos, hoje se reduz a uma grande melhor amiga. Não que eu tenha deixado de amá-los, mas seguimos rumos diferentes.

Às vezes reunimos alguns amigos e lembramos como éramos felizes quando crianças, sem preocupações, livres numa rua sem saída. Temos a consciência que nada será como antes, mas nos orgulhamos de como crescemos. O que temos certeza é que nenhuma criança aproveitará a rua como nós. Minha Rua 27, agora, é simplesmente um estacionamento de carros.